Os convidados do episódio #17 do SENSU TALKS foram André Giglio Bueno, médico infectologista, consultor científico do HubCovid, professor da Disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina da PUC/Campinas, titular do Hospital e Maternidade Celso Pierro e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Vinhedo; Andréa Gadelha Guimarães, médica oncologista clínica do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e do A.C.Camargo Cancer Center e diretora de Apoio ao Paciente (advocacy) do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) e Ricardo Machado, jornalista e coordenador de comunicação da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), representante do programa Confianza en las Vacunas Latinoamérica (ConfíaLa) na Vaccine Safety Net (VSN), rede da Organização Mundial de Saúde (OMS), integrante da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência) e diretor da Magic-RM Comunicação Estratégica.
Os três convidados falaram sobre a importância das vacinas e dos desafios da imunização no atual cenário brasileiro diante da Covid-19 e outras doenças. Com apresentação do diretor da SENSU, Moura Leite Netto, a live foi ao ar em 20 de outubro pelo Facebook e YouTube. Esta e todas as lives anteriores estão disponíveis no canal.
Para André Giglio Bueno, a pandemia da Covid-19, apesar de todas as questões ideológicas e políticas, “escancarou que a confiança do brasileiro em relação às vacinas é alta”. O médico infectologista credita esse fato, principalmente, ao sucesso do Programa Nacional de Imunização (PNI), que em mais de 50 anos de história contribuiu para construir uma cultura de imunização consistente no país. “Na década de 1950, nossa expectativa de vida era de 50 anos e hoje é de 76 anos. Muito desse aumento se deve ao PNI que diminuiu as mortes por doenças infectocontagiosas e, também, a mortalidade infantil”, pondera.
Mas ainda há desafios a serem vencidos. Um deles, por exemplo, é o da vacina anti-HPV, disponível em postos públicos para meninas e meninos, que combate o principal fator de risco de câncer de colo de útero. Nesse aspecto, afirma Andrea Gadelha Guimarães, existe um importante desafio que é o de conscientizar as pessoas sobre a correlação entre o vírus HPV e o câncer de colo de útero, além de outras doenças oncológicas (câncer de pênis, de garganta, de vulva, etc.) Para agravar a situação, muitas fake news rondam o tema. A médica oncologista ressalta que desde 2019, o EVA se uniu a outras sociedades na campanha “Brasil sem câncer de colo de útero”, uma iniciativa alinhada a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de erradicar globalmente a doença.
Também representou um grande desafio, principalmente no primeiro ano da pandemia, que é o de conquistar a confiança das pessoas em relação a vacina contra a Covid-19. Ricardo avalia que, apesar da cultura de imunização existente no Brasil, no caso da pandemia foram muitos os entraves, como o de pessoas sem conhecimento científico falando sobre o tema e até de médicos abraçando o tratamento precoce que não tem qualquer comprovação de eficiência contra a doença. Nesse cenário, o papel dos jornalistas sérios que deram espaço para informações com respaldo científico foi muito importante. Além das questões da pandemia, um olhar sob o cenário geral da imunização no Brasil revela que há gargalos que precisam ser resolvidos em relação ao PNI. “A maioria dos brasileiros acredita em vacinas, mas precisamos lidar com a queda da cobertura vacinal que acontece por múltiplos fatores, como a falta de percepção de risco sobre diversas doenças; unidades de saúde que não funcionam aos sábados, o que dificulta a rotina de mães trabalhadoras; falta de divulgação do governo sobre a importância da vacinação e aumento de pessoas que não completam o esquema vacinal”, afirma.
Os três especialistas concordam em relação aos caminhos que devem ser trilhados para reverter essa situação, ampliando a adesão ao PNI: aplicação de vacinas em ambiente escolar; combate aos discursos das pessoas antivacinas com argumentos sólidos, construídos com base na escuta dessas pessoas e garantir acesso e promover a conscientização dos médicos em relação à necessidade de prescrever a imunização adequada a todas as faixas etárias.
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